06 dezembro, 2008

revelar

© David Infante


Inaugurou ontem no Museu de Serralves a exposição BES Revelação, que na sua quarta edição reconheceu os trabalhos de David Infante, Mariana Silva e Nikolai Nekh. O júri de selecção foi composto por Bruno Marchand (curador independente), Pierre Muylle (curador no S. M. A. K., Gent, Bélgica), Ricardo Nicolau (Museu de Serralves) e Sandra Terdjeman (curadora e gestora de projectos na Kadist Art Foundation, Paris).
Tirando os conjuntos de fotografias a preto e branco apresentados por David Infante (Évora, 1982), os restantes projectos escolhidos são representativos do rumo das anteriores edições do prémio que distinguiu propostas que se socorrem de linguagens fotográficas que estão fora do que vulgarmente certificamos como objecto fotográfico.
Nikolai Nekh (Slavyansk-na-Kubani, Rússia, 1985) apresenta uma instalação que envolve sete imagens transformadas em formato postal e um vídeo. Nos "postais", devidamente engaiolados em expositores próprios, emerge a experiência pessoal dos lugares e a memória que deles se guarda ou não se guarda, como revela "a carta ao pai" também usada no conjunto. No vídeo Vento Branco, Nekh partiu de gravações familiares para desconstruir a realidade de acontecimentos pessoais valendo-se da edição (corte, escolha de velocidade).
Mariana Silva (Lisboa, 1983) concebeu um espaço onde o espectador pode escolher pequenos registos fílmicos do período pós-25 de Abril e manobrá-los em moviolas (aparelhos que projectam as imagens em pequenos ecrãs). Todos os filmes foram alterados de forma a que cada fotograma se sobreponha ao seguinte criando um efeito de ligeiro desconcerto e ilusão. O projecto propõe uma reflexão sobre a função documental da imagem e questiona o seu poder enquanto reduto privilegiado de arquivo da memória colectiva.
Fui convidado para escrever o texto sobre o trabalho que David Infante tem desenvolvido nos últimos anos. Para ler esse ensaio clique aqui

BES Revelação, David Infante, Mariana Silva e Nikolai Nekh
Museu de Serralves, Porto
Até 15 de Março, 2009

2 comentários:

Anónimo disse...

Podemos até conduzir muito e conduzir bem, mas estamos sempre, de algum modo, condicionados pelos outros condutores e as estritas regras de código, os limites de velocidade a cumprir e as filas de trânsito. Mas há alturas, ao abandonar a metrópole, onde todos os dias os carros circulam num vai e vem incessante, que nos escapamos por caminhos pouco corridos, sem transito nem radares, para podermos verdadeiramente dirigir segundo o batimento do nosso pulso e até mesmo com algum álcool no sangue. Claro… há sempre alguém que vê e admira.

Agora sem metáforas:

Li atentamente o texto e francamente, apreciei. Um texto com maturidade mas também límpido, sem informação em excesso, sem palavras a mais. Um texto que flúi e se expande naturalmente, sem muitas engrenagens a travarem o livre fluxo, e sempre aquela precisam no foco na imagem e no olhar que a deu a ver a outros olhos. O modo como partindo da imagem que não descura o olhar, se chega de novo à imagem partindo do mais geral que de algum modo contextualiza o que se quer transmitir, para o particular, a forma como a ideia se eleva e como depois cai, finaliza, é apreciável. Creio que com este texto confirmei a ideia que tinha. Gosto do modo como o Jornalista escreve: límpido, fluido e com força expressiva. Neste modo, entra todo aquele domínio da língua e o hábito de não desperdiçar palavras, de sintetizar tudo no essencial, mas simultaneamente, uma sensibilidade que me parece autêntica face à imagem fotográfica. Este casamento entre as palavras e as imagens encanta-me. Talvez seja mesmo o único pelo qual tenho um profundo apreço!


Foi tudo a brincar! No entanto, este blogue até é sério. Mas umas palavrinhas a mais e a escapar das margens, com os erros, falta ou excesso de vírgulas que quase todos irão notar, talvez não tenha muita importância e em nada alterem a natureza espaçosa do deserto, nem o encanto do carrossel.

De qualquer modo,

Bem haja pela partilha.

Anónimo disse...

"Os jornalistas são os trabalhadores manuais, os operários da palavra. O jornalismo só pode ser literatura quando é apaixonado."

Marguerite Duras

 
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