08 agosto, 2008

solidão

Cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, 2008
(
© Jerry Lampen/Reuters)

Os editores de fotografia não devem ter tido hoje um dia fácil. A tarefa de seleccionar as imagens dos Jogos Olímpicos que inundam já os sites de informação e vão encher os jornais de amanhã é delicada e, muitas vezes, frustrante. A espectacularidade do que se apresenta à vista é de tal forma incandescente que ofusca. E o que parecia muito claro, torna-se opaco, confuso. A frustração aparece depois do ofuscamento, quando se percebe que não é possível mostrar tudo. E ainda bem.
Das centenas de fotografias que hoje me passaram pela frente, fixei-me neste grupo de homens-máquina fardados em devoção a uma bandeira. Cativa-me esta fracção duplamente congelada que, ainda assim, consegue isolar-nos na perfeição uma nesga de movimento e dirigir-nos o olhar para aquilo que aqui importa. A mão subiu, soltou o pano e ficou no ar, quieta. E ali, naquele vulcão de movimento e efervescência, foi possível dar-nos uma ponta de bandeira em rodopio. Em solidão.

1 comentário:

Anónimo disse...

Quando as imagens e as palavras jogam bem, sem atropelo, na medida certa...dá um gozo! Uma espécie de... prazer.

 
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