20 agosto, 2008
Portfolio
Geórgia antes das bombas ' Guillaume Pazat
Era um conflito em estado latente até que alguém ordenasse uns disparos de artilharia mais pesada, como aconteceu no dia 8 de Agosto, quando o Governo da Geórgia decidiu lançar uma operação militar para recuperar o controlo da região separatista da Ossétia do Sul, a começar pela cidade de Tskhinvali. No dia seguinte combatia-se também no vale de Kodori, na Abkházia, outro território georgiano com ambições independentistas apoiado por Moscovo. Moscovo que, dois dias depois, entrou na história desta guerra com bombardeamentos pesados nas cidades de Gori e Poti. Mais tarde, as bombas voaram também sobre Tbilissi e os tanques russos chegaram a rumar à capital. Até que a diplomacia veio deitar um pouco de água na fervura e agora, depois de demonstrar que chega ao coração do poder georgiano num abrir e fechar de olhos, o Exército russo promete sair do país. É uma declaração necessária para os diplomatas tentarem mostrar algum serviço, mas o certo é que as lagartas dos tanques russos parecem muito mais enferrujadas a sair da Geórgia do que a entrar. Um cenário que deixa antever o pior para a região do Cáucaso que precisa de muitas coisas, menos de mais uma guerra.
O fotógrafo Guillaume Pazat (kameraPhoto) andou por várias cidades da Geórgia em Novembro do ano passado e decidiu partilhar com os leitores do Arte Photographica uma parte desse trabalho. Temos a imagem de um país ora nebuloso, ora de céu aberto, mas sempre sem grandes sorrisos. De Gori, a cidade mais fustigada pela aviação e pela artilharia russas, vem o espectro de Estaline. De Gori vem Estaline, porque foi Gori que o viu nascer. Pelo caminho, rebanhos de ovelhas e um cão que as guarda e se confunde com elas. Depois há sempre a bandeira a espicaçar o nacionalismo. Às vezes é levada em ombros, esticada no ar, em procissão, mesmo que as vozes em massa já nem se ouçam. Outras, nem sabemos bem se está lá. O que vemos é um mastro despido a furar a terra e a dividir o céu.
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2 comentários:
Excelente porfolio. Fotos muito boas
Pois é. Continua a ser proveitoso deslizar por estes lados. Um espaço de referência para os amantes mais ou menos experientes neste campo, com um olhar mais ou menos afinado, com um olhar que se vai aguçando, também em parte, com aquilo que connosco aqui é partilhado, ou melhor, nos é mostrado. É natural, que por vezes se aplauda o que vai deslizando à frente dos nossos olhos e o modo como é feito. Não porque as pessoas que têm blogues precisem de aplausos, creio, mas porque os espectadores por vezes, quando apreciam, gostam de aplaudir! Creio que me agrada a descomprometida e gratuita energia que se gera quando uma multidão o faz. A multidão num espectáculo, é sempre uma massa desconhecida e uma presença viva. Mas nos blogues, nem isso. É a presença ausente de uns tantos, que por vezes rompe a sua ausência, ousando aplaudir.
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