03 agosto, 2007

Candida Höfer

Biblioteca Nacional de Lisboa II, 2005
(© Candida Höfer)

(extracto da entrevista do catálogo Procurar Portugal 1994-2006)

Anabela Mota Ribeiro: Esteve em Portugal por algum tempo a fazer esta série tão forte. Como escolheu os locais?
Candida Höfer: Da maneira habitual, lendo, perguntando aos amigos e procurando por mim mesma.

O que há em comum em locais tão diferentes como os Jerónimos ou a Casa da Música? Aparentemente nada... Procurou heterogenidade acima de tudo?
Achei-os ambos em Portugal. Acho que isso diz alguma coisa sobre Portugal, não lhe parece?

Ouvi muitos portugueses dizerem que nunca pensaram que tais lugares fossem assim tão bonitos quanto as fotografias mostraram.
Há sempre uma diferença entre a imagem e o que chamamos de realidade. Às vezes as pessoas esquecem-se disso quando se deparam com o meio fotográfico. Trata-se de um mal-entendido histórico sobre esse meio.

Provavelmente uma das fotos mais inusitadas é aquela em Mafra, com os veados empalhados nas paredes. Para mim representam um elemento morto... Foi essa a sua intenção?
Provavelmente é a única foto em que vejo isso. Em outras algum elemento de tragédia.
Eles estavam lá. Faziam parte do que criou aquele espaço. Tragédia? Não sei. Tragédia é sempre a visão consciente da falha e a sua aceitação, não é? Acho que é mais como uma comédia: vemos algumas contradições onde os seus criadores não as suspeitaram.

A disposição da luz, da mobília e dos objectos indica uma "mise en scène". Acha que é uma espécie de directora teatral?
Não enquanto estou a fotografar, mas talvez quando estou a criar a imagem a partir da fotografia.

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Teatro Nacional de São Carlos V, Lisboa, 2005
(© Candida Höfer)


Procurar Portugal 1994-2006
Candida Höffer, Hannah Collins, Rineke Dijkstra

Museu Municipal, Faro
Até 30 de Setembro

1 comentário:

Anónimo disse...

Fantástico post, fantástico blog. Um dos melhores até agora vistos por mim. Digno de se amar.

 
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