13 junho, 2007

efémeras?

Chamadas Fotográficas:Imagens do Quotidiano

É forçoso que aconteça também aqui. Mais cedo ou mais tarde as fotografias captadas a partir do telemóvel não serão tidas apenas como parte da cultura visual dos nossos dias - serão consideradas como potencial objecto estético, gerador de narrativas à pequena escala e a um ritmo alucinante, não fosse Portugal o país da Europa com mais aparelhos por habitante.
Associamos a fotografia de telemóvel à circunstância, ao casual, à errância e sobretudo ao efémero, porque o botão delete está ali sempre à mão de semear. Se não gostarmos desta, é quase sempre possível tirar outra, e outra e outra. É a memória digital a dar-nos a possibilidade de rejeitar-mos o que não queremos ou de apanhar muitas coisas para depois escolher e apagar alguns ficheiros, ou ainda - porque não? - apagar todos. A memória digital está sempre lá para nos dar mais espaço.
Acontece que nem só de circunstância se faz a fotografia de telemóvel. Ela faz-se cada vez mais com propósito, mesmo que a definição, a cor, a velocidade não sejam as de uma máquina fotográfica tradicional. E não serão exactamente as limitações técnicas a que estão sujeitas estas imagens de usar e deitar fora a potenciar o seu valor estético, o seu encantamento?
Foi a pensar nos usos que diferentes gerações dão às máquinas destes aparelhos que o designer Andrew Howard - responsável pela concepção das publicações do Centro Português de Fotografia – decidiu propor a dois grupos distintos de pessoas que captassem várias fotografias para depois as mostrar em público numa exposição – Chamadas Fotográficas: Imagens do Quotidiano.
O primeiro grupo incluía alunos de uma escola secundária, com idades compreendidas entre os 13 e os 16 anos. As imagens enviadas, de enquadramento e composição básicos, mostram sobretudo auto-retratos, caras e mascotes.
Do segundo grupo faziam parte designers, fotógrafos e estudantes de Artes. Foi-lhes pedido que tirassem fotografias de quatro momentos de um dos seus dias e que fizessem um filme de 15-20 segundos. As abordagens aqui são mais conceptuais e abstractas.
Uma das conclusões que a organização tirou deste exercício simples revela que “embora, os meios tecnológicos que existem à nossa disposição afectem e condicionem a forma como comunicamos, nunca é simplesmente a natureza da tecnologia que faz a imagem, mas a natureza da pessoa que comunica”.
Paralelamente à exposição, os visitantes são convidados a participar num concurso de fotografia digital captada por telemóvel. As melhores imagens serão sujeitas à apreciação de um júri que escolherá a fotografia vencedora.


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Porto
Até 11 de Julho

6 comentários:

Anónimo disse...

Parece-me bastante interessante este conceito, mas numa forma de arte tão abrangente, tão envolvente de toda a gente, não me soa a inovador, isto porque acho que a fotografia é sem dúvida a 'arte do povo', e a prova disso, e mais que nunca, é mesmo a fotografia casual, de circunstáncia, poder ser conceptual, ter forma e ter peso, e que outro país senão o nosso para fazer fotografia através de um simples telefone portátil!?

“embora, os meios tecnológicos que existem à nossa disposição afectem e condicionem a forma como comunicamos, nunca é simplesmente a natureza da tecnologia que faz a imagem, mas a natureza da pessoa que comunica”.

E termino com isto, pois embora se vejam cada vez mais fotografos experimentais, fotografos artisticos, anonimos no geral, ou nem tanto graças á Internet, a riqueza de um novo olhar sobre uma coisa por vezes diferente, por vezes quotidiana, é sempre uma mais valia para qualquer pessoa que se disponha a tentar entende-lo.

tiago borges disse...

"nunca é simplesmente a natureza da tecnologia que faz a imagem, mas a natureza da pessoa que comunica”

Na mesma linha de raciocínio: nunca é simplesmente a natureza da pessoa que comunica, mas a natureza da pessoa que lê a imagem e a interpreta.
E aí reside toda a diferença.
A capacidade, que o leitor tem (ou não tem) de produzir "teoria" (se preferirem: sentido) sobre a imagem marca o momento de charneira que pode transformar uma "banalidade" num momento "consideravelmente interessante".

Somos todos potenciais teóricos e críticos da imagem, mesmo que não sejamos eruditos. A nossa leitura é, ao mesmo tempo, única porque cruza a informação visual com as nossas referências e imaginários pessoais. (pode parecer óbvio mas achei oportuno escrever)

Anónimo disse...

"Somos todos potenciais teóricos e críticos da imagem, mesmo que não sejamos eruditos."

Assim como não somos todos advogados, médicos, designers e afins... sem margem para dúvidas... só alguns podem ser críticos da imagem.
Esta ideia de que qualquer um pode ser qualquer coisa irrita-me bastante. É a "democracia profissional" a funcionar ao seu pior nível.

Anónimo disse...

Não existe nenhuma ideia de «democracia profissional» subjacente ao comentário porque
não se refere à profissão de "críticos da imagem", e por isso se acrescentou "potencial".

O termo crítica foi usado no sentido mais lato. O exercício individual do observador sobre a imagem pode ser um momento de juízo.
Mesmo que não sendo ele crítico de imagem «profissional», não significa que ele não tenha capacidade para ajuizar.
E nisso a cultura visual é muito "democrática".

PdR disse...

Penso que apesar da iniciativa ter um aspecto sociologico importante - como "happening", em termos fotograficos nao e' muito inovador.
O "snapshooting" ou a fotografia instantanea e' algo que faz parte da Historia da Fotografia lembre-se a Polaroid, ou ate' os avancos que se fizeram em termos de captura e processamento de imagem (de chapas de vidro para filme e depois partindo o filme em varios formatos mais reduzidos).
Fotografar nao e', tambem, o instante em que se capta o "momento"?
O que fizeram fotografos como Cartier-Bresson, senao isso mesmo? Captar o momento decisivo.
O paradigma da fotografia digital aparece mais como uma inovacao tecnica.
Nao sera' necessario carregar todo o equipamento (maquina, lentes, flash, filme...), para se tirar uma fotografia.
O facto do telemovel ser tambem um dispositivo que permite a criacao de imagens video ou fotograficas, apenas cria mais uma forma de registo visual possivel.
A fotografia passa a fazer parte do proprio quotidiano - o que e' um facto ultrapassa o snapshooting e a fotografia do quotidiano.
Mas o que se diz para a fotografia, tambem e' valido para a Internet Movel, ou para o Instant Messaging.
Trata-se da existencia de um dispositivo com multi-funcoes que permite fazer todas essas actividades, sem que obrigue o transporte de um dispositivo extra.
Normalmente ja' carrego duas maquinas fotograficas - uma digital e uma de filme 35mm. Para mim, e' normal tirar fotografias de quotidiano, ainda que nao o faca com o telemovel (que por acaso tambem permite fazer fotografia e video).
As maquinas digitais trouxeram para mim a verdadeira revolucao - mais ao nivel da divulgacao.
Nao e' de estranhar que a par desta nova industria tenham surgido espacos (ainda que etereos) onde se faz fotografia, fala de fotografia e onde se partilham experiencias.
Um destes casos de sucesso e' talvez o Flickr (que actualmente e' uma empresa do grupo Yahoo!). Desde que entrei para este website vi revistas a serem criadas (como a http://www.jpgmag.com, onde participo, tambem), museus a requererem fotografias para exposicoes (como recentemente a Tate), ou como espaco de divulgacao de actividades (como e' usado pelo Brooklyn Museum)...
O facto da fotografia ser trocada entre utilizadores dentro de um espaco que se divide por grupos de interesse cria um paradigma muito mais interessante e que tem interesse de estudo - a fotografia e' uma linguagem que ultrapassa povos e culturas e serve como objecto de troca de informacao.
Se a imprensa fez da escrita um meio importante de comunicacao, a fotografia digital voltou a fazer da imagem uma linguagem - que mais importante que a escrita, nao necessita de traducao. :)

Anónimo disse...

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