31 agosto, 2006

*Três perguntas a...

O Arte Photographica inaugura hoje uma nova categoria de posts: *Três perguntas a...
Regra geral os fotógrafos gostam pouco de falar sobre os seus trabalhos e projectos. Remetem para o clássico “as fotografias falam por si”.
Embora respeitando quem acha que a voz das imagens serve per si como roteiro de interpretação de um suporte cada vez mais difícil de ver, achamos necessário ouvir os fotógrafos acerca das imagens que fazem e mostram para uma abordagem do seu trabalho mais construtiva na crítica e mais eficaz na fruição estética.
Como nem só de fotógrafos depende a fotografia, tentaremos ouvir também quem decide o que vemos, quem se dedica a pensar a imagem fotográfica e quem, de alguma forma, se relaciona com ela, na escrita literária ou ensaística, na conservação, na investigação e na comercialização.
As perguntas dirigidas a fotógrafos seguirão uma estrutura mais ou menos fixa: uma pergunta sobre a(as) motivação(ões) que os levam a fotografar; outra sobre um aspecto particular da exposição, livro, prémio ou acontecimento que motivou a entrevista; e outra sobre os projectos em que estão empenhados.

O *Três perguntas a... arranca com António Júlio Duarte, fotógrafo cujo trabalho foi recentemente reunido num álbum retrospectivo organizado pela ADIAC (Associação para a Difusão Internacional da Arte Contemporânea) e distribuído pelo PÚBLICO.


António Júlio Duarte, sem título (auto-retrato), da série Agosto, Colecção João Jacinto, 2000

Por que é que fotografas?
Para justificar/validar a minha curiosidade pelos outros.

O que é que o flash te mostra que a luz natural não te mostra?
O uso do flash em alguns dos meus trabalhos começou por razões meramente técnicas, a necessidade de fotografar em locais escassamente iluminados. Tornou-se uma atitude de rejeição do papel tradicionalmente discreto do fotógrafo. Gosto que as pessoas aceitem e reajam à minha presença. É também uma atitude crítica. A luz fria e directa do flash destrói qualquer hipótese de “glamourização” da realidade.

Que projectos te ocupam agora?
Um trabalho de retratos de emigrantes em Madrid. Mudar de casa.


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