20 julho, 2006

Revolver

José Manuel Navia


Às voltas com o 70º aniversário do início da Guerra Civil de Espanha (17.07.1936), a revista do jornal El País decidiu regressar aos lugares onde foram captadas algumas imagens que marcaram o conflito. Um exercício típico de quem procura “revolver” o passado, um regresso ao “lugar do crime”, visto agora por olhos diferentes (José Manuel Navia), outro tempo, outras máquinas.
As fotografias que agora se fizeram - com a vontade explícita de comparar geografias, encenar o olhar de quem fixou - estão ligadas de forma umbilical com as imagens que lhe deram origem na banalidade e no horror, na banalização do horror.
Mesmo quando agora se vêem cores de fim de tarde, rostos de crianças inocentes, mesmo quando a morte, o medo, os buracos das balas, os edifícios destruídos e o soldado alvejado na cabeça já não estão lá, sobrepomos todos os traços de composição, todos os personagens que povoaram esses momentos fundadores. Vivem lá como fantasmas.
Quando as percorremos em par, sentimos que estas imagens (as de ontem e as de “hoje”) foram condenadas para sempre a esse instante primeiro de horror, o mais varrido por diferentes olhares, o mais reproduzido, o mais procurado, e por isso tornado o mais banal.



Y así fueron sucediéndose, en medio de crecientes sufrimientos y privaciones de la población civil, las batallas de la guerra de España ante la atenta mirada de corresponsales y fotógrafos extranjeros, armados con cámaras Leica y películas Kodak, que nos dejarían los más vivos testimonios de ese cruce de guerras: jóvenes en su mayoría, estaban decididos a que todo el mundo se acordara de España. Fue la primera guerra radiada día a día, la primera fotografiada escena tras escena. Los medios de comunicación habían adquirido una nueva dimensión en los años veinte, con la fotografía incorporada a las revistas y periódicos más populares. La guerra de España, que para muchos combatientes extranjeros fue su last great cause, para las revistas ilustradas fue un regalo, una “buena guerra”, la más fotogénica de las guerras posibles.

Santos Juliá, EP[S], 9.07.2006

1 comentário:

Anónimo disse...

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