“Recebo este prémio com o maior entusiasmo, não pelo que já foi vivido e fotografado, mas pelo que ainda está para vir”
O júri foi unânime. E Paulo Nozolino vê agora o seu percurso artístico distinguido com o Prémio Nacional de Fotografia, galardão instituído pelo Centro Português de Fotografia (Porto). O artista, com 30 dos seus 51 anos dedicados à imagem fotográfica, vê esta consagração “mais como um incentivo do que como uma recompensa”.
No ano passado, foi autor de uma das exposições do ano, Far Cry, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto.
Actualmente, podem ver-se fotografias de Paulo Nozolino em Bastia (Centre Culturel Una Volta, até ao fim do mês). O trabalho, intitulado Scalati, mostra 15 imagens de 30 famílias ciganas captadas na Cité de Transit d`Erbajolu, um local que o poder político quer agora urbanizar. Nozolino tenta fixar “o desespero daquelas pessoas, a agústia de perderem aquilo que têm”.
O júri integrava os nomes de Manuel Costa Cabral (Fundação Calouste Gulbenkian), Marta Almeida (Fundação Serralves/Museu de Arte Contemporânea), Júlio de Matos e Virgílio Ferreira (fotógrafos) e Tereza Siza (CPF).
O Prémio Nacional de Fotografia já foi atribuído a Victor Palla (1999) e Fernando Lemos (2001).
“(...) De qualquer maneira, não tenho escolha, não sei fazer outra coisa”
O júri explica a atribuição do Prémio a assim:
“Paulo Nozolino pode ser considerado um fotógrafo inovador e mesmo experimental, tendo exercido larga influência nas estratégias técnicas e na construção das narrativas fotográficas sobre autores e perspectivas, a nível nacional e internacional.
(...)
Paulo Nozolino afirma-se como fotógrafo intelectualmente empenhado, mas definindo as suas temáticas de contestação num sentido mais vasto e mais profundo do que os factores político-sociais, pesquisando numa desencantada herança da cultura europeia e mundial, nomeadamente aquela que se vai construindo a partir da II Guerra. Executa uma fotografia que sempre constrói narrativas, mas onde cada imagem é de enunciação. Nunca existe literalidade, como nunca o objectivo é o documentalismo.
Há críticos que não lhe conseguem encontrar influências, mas que reconhecem as suas soluções em diversa fotografia internacional. Vendo a sua obra nega-se a asserção, que se vulgarizou, de que o preto-e-branco é conservador porque dramático ou emotivo; os projectos e as imagens de Paulo Nozolino tornaram-se clássicos como representativos da insegurança, alienação e má consciência da sociedade de massas, do consumo e do lazer, autêntica e inquietante apresentação dos dispositivos cognitivos que criaram e mantêm a possível esquizofrenia da cultura actual. E para o tornar claro não utiliza, em qualquer caso, processos estilísticos ou modismos conceptuais, embora se acentue, em cada projecto, a condução racional de uma profunda crítica no revelar do mal-estar da civilização e da cultura.”
4 comentários:
que a fotografia a preto e banco fique. destruiram-se muitas coisas por causa do modernismo, melhor da moda, deitam-se abaixo predios velhos para fazer novos, e nao se percebe que se mata a memoria de muita gente. e a especialidade intelectualoide e politiqueira portuguesa: matar a historia. que fiquem rotundas e desaparecam os edificios arte nova. que esta fotografia fique, assim, a preto e branco para sempre.
E é muito bem entregue o prémio!
Só podia ser a Paulo Nozolino!No ano 2000 fui a Madrid para vêr as
suas fotos, depois foi Paris um
sucesso. Meus caros, dá gosto olhar
as fotos de Paulo Nozolino,tocam bem fundo a alma de cada um de nós.
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