28 maio, 2013

mostrar trabalho

Diogo Simões venceu a Leitura de portfólios em 2012


O Laboratório de Fotografia | Carpe Diem Arte e Pesquisa está a promover uma coisa rara em Portugal: leitura crítica de portefólios. Esta segunda edição está agendada para os dias 22 e 23 de Junho, dias em que 10 críticos irão discutir trabalhos de 30 artistas seleccionados previamente. Cada participante poderá escolher 6 críticos para apresentar o seu portefólio em sessões individuais de 25 minutos. Podem candidatar-se até ao dia 3 de Junho fotógrafos portugueses ou estrangeiros com mais de 18 anos. No final, os críticos escolherão um artista vencedor que ganhará uma residência artística no Carpe Diem Arte e Pesquisa (dez meses, com atelier privado no palácio da associação em Lisboa) e terá uma exposição integrada na programação 2015 do CDAP.


Críticos

>Eduardo Brito, fotógrafo, curador do CAAA, Guimarães
>Filipa Oliveira, curadora independente
>Vera Cortês, Vera Cortês Art Agency
>Rémi Coignet, crítico, curador, autor do blogue Des livres et des photos
>Liliana Coutinho, curadora independente
>Nuno Crespo, curador, crítico do jornal Público
>António Júlio Duarte, fotógrafo
>José Luís Neto, fotógrafo
>Jo Ractliffe, fotógrafa
>Daniel Blaufuks, fotógrafo

Mais informações e candidaturas aqui

21 maio, 2013

Pellegrin

© Paolo Pellegrin / Magnum Photos / Postcards from América/ AIC



No dia 12 de Maio de 2011, cinco fotógrafos da cooperativa de fotografia Magnum (Paolo Pellegrin, Jim Goldberg, Susan Meiselas, Alec Soth, Mikhael Subotzky) meteram pés ao caminho para a primeira viagem de uma longa jornada em conjunto a que chamaram Postcards from America. A ideia é simples: percorrer os Estados Unidos de uma forma errática, sem qualquer compromisso, ao sabor do que fosse surgindo à frente da câmara. A esta liberdade de acção, Paolo Pellegrin chamou "jornalismo activo", aquele que "deambula pelo mundo, que tenta retratar temas sociais e que tem uma relação com a história". Como condimento extra, os cinco fotógrafos entenderam contrariar o velho cliché do fotógrafo enquanto caçador solitário e organizaram as viagens de maneira a que todos pudessem dar a sua visão da realidade a partir dos mesmos locais. Meteram-se dentro de uma caravana acompanhados pela escritora Ginger Strand e imaginaram-se uma banda on the road à procura de "uma espécie de som polifónico visual". Até agora foram concretizadas quatro grandes deslocações, a última das quais em torno da região da Florida, durante as últimas eleições presidenciais, em 2012.

Enquanto estão no terreno, todos os envolvidos publicam imagens e textos na página postcardsfromamerica.tumblr.com, naquele que é o espelho mais imediato do projecto. Em alguns casos, coexistem também projectos editoriais com uma edição mais profunda e reflexiva, às vezes com todos os autores envolvidos, às vezes com um. Como é o caso do último fotolivro da organização Repórteres Sem Fronteiras, que desafiou Paolo Pellegrin a seleccionar cem fotografias de entre as milhares que captou durante as quatro viagens já realizadas. O resultado dessa escolha está em 100 Photos of Paolo Pellegrin for Press Freedom, apresentado no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que se assinalou a 3 de Maio. As imagens do multipremiado fotógrafo italiano, na Magnum desde 2005, abordam sobretudo o outro lado do sonho americano, desde as duras condições de vida em Miami (longe da miríade do sol e praia) até às zonas de fronteira com o México, onde a proximidade geográfica não consegue esconder enormes diferenças culturais. "Comecei a ser capaz de analisar o que para mim foi um chocante estado de coisas: uma cultura de vigilância enraizada; uma proliferação de armas; uma tensão racial; e uma profunda marginalização." Os vários ensaios de Pellegrin presentes nesta obra mostram-nos uma América na encruzilhada, suspensa "entre esperança e realidade", onde a decadência e o desânimo são palavras que ganham poder. Os lucros da venda do livro revertem para a organização dos Repórteres Sem Fronteiras.


© Paolo Pellegrin / Magnum Photos / Postcards from América/ AIC

15 maio, 2013

éden




As portas estão abertas para o ÉDEN (só até ao dia 14 de Junho), a segunda exposição/fanzine da série “DR - Um Diário da República” na Kgaleria, em Lisboa, que desta vez foi comissariada pela dupla Pauliana Valente Pimentel (kameraphoto)/José Pedro Cortes (Pierre von Kleist). As 39 imagens seleccionadas não têm qualquer título ou legenda numa tentativa de dar a maior amplitude possível à apreensão e contextualização das imagens. Iniciado em 2010, ano em que Portugal celebrou o centenário da proclamação da República, o DR pretende contribuir para a construção de uma memória colectiva sobre o período 2010-2020 em Portugal.

 



phe13


Harry Callahan, Eleanor, Chicago, 1947 Cortesía Pace/MacGill Gallery, New York © The Estate of Harry Callahan

Contagem decrescente para o arranque da próxima edição do PHotoEspaña que o comissário geral Gerardo Mosquera quis dedicar ao tema Cuerpo. Eros y políticas. Entre as mais de 70 exposições, a organização destaca as mostras de Edward Weston, Harry Callahan, Shirin Neshat, Laura Torrado e Mark Shaw bem como colectivas onde se destacam os nomes de Ana Mendieta, Robert Doisneau, Cindy Sherman e Marina Abramovic. Este é o último ano de comissariado de Mosquera que liderou o festival nos últimos dois anos. Para além de Madrid, o PHE estende-se agora Saragoça e a Lanzarote para além de itinerâncias que passarão por Praga, Berlim e Paris. O festival decorre entre o dia 5 de Junho e o dia 28 de Julho, ainda que muitas exposições permaneçam abertas em Agosto e Setembro. Mais informações aqui

“assustadoramente belo”

© Taslima Akhter



Um abraço de morte “assustadoramente belo”
(Público, 09.05.2013)

Taslima Akhter não sabe quem são nem que tipo de relação mantinham. Tentou “desesperadamente” encontrar respostas para muitas perguntas que surgiram a jorros depois de horas e horas a fotografar corpos aprisionados nos escombros do edifício Rana Plaza, Daca, Bangladesh. Tentou “alguma pista” que fosse, mas nada. Para já, o homem e a mulher que se abraçam no momento fatal do colapso de há duas semanas que causou mais de 1000 mortos continuam anónimos. E perseguem o pensamento da fotógrafa que captou esta imagem que agora se afirma como uma das mais simbólicas da tragédia.

Os acidentes ligados às condições precárias de trabalho e exploração humana não são novidade para Taslima Akhter (Daca, 1974). Em Novembro do ano passado, fotografou um incêndio numa fábrica de confecções que causou mais de 100 mortos, trabalho que chamou a atenção do Lens, o blogue do jornal New York Times dedicado à fotografia e ao jornalismo visual. Nessa altura, a fotojornalista declarava-se “emocionada” e “esmagada” pelo que tinha acontecido, mas não se mostrou surpreendida - antes desta tragédia já tinha fotografado outras quatro no Bangladesh em tudo semelhantes. “A história é sempre a mesma”, dizia em declarações ao Lens. E no dia 24 de Abril a história voltou a repetir-se, agora com uma escala ainda mais dantesca.

Akhter, que trabalha sobretudo em temas ligados à denúncia da exploração laboral, fotografou intensamente o desenrolar dos acontecimentos logo depois da notícia do colapso do edifício. Passou o dia entre destroços, equipas de resgate e salvamento e olhares de famílias desesperadas que procuravam entes queridos. Esses olhares marcaram-na, eram olhares “assustados”. Akhter fotografou, fotografou, fotografou até ficar exausta física e psicologicamente. Ao início da tarde (o complexo ruiu por volta das 9h locais), deparou com um casal abraçado, rodeado de ferros retorcidos e semicoberto por destroços. A reacção da fotógrafa foi de espanto. Sentiu depois proximidade, familiaridade. “Não queria acreditar. Senti que os conhecia – senti-os muito próximos de mim. Vi quem eles eram no último momento em que estiveram juntos e em que tentaram salvar-se”, disse a fotógrafa num depoimento escrito que enviou ao LightBox, o espaço online dedicado à fotografia da revista Time.

Apesar desta ligação imediata (e íntima) em relação àquela cena e àqueles dois seres humanos, Taslima Akhter confessa “desconforto” de cada vez que olha para a sua fotografia. Sente-se “estremecida" não tanto pelo momento extraordinário que captou, mas sobretudo pelo seu poder inquisitivo e comovente: “É como se me estivessem a dizer ‘Não somos números – não somos só mão-de-obra barata com vidas baratas. Somos seres humanos como tu. A nossa vida é tão preciosa como a tua e os nossos sonhos também são preciosos’”.

Uma das ambições de Akhter, que já foi bolseira da Magnum Foundation para estudar fotografia e direitos humanos, é que esta imagem contribua para que os trabalhadores no sector têxtil do Bangladesh “sejam tratados como seres humanos e não apenas como números”. E que os responsáveis pelo que aconteceu sejam punidos com as penas máximas previstas na lei. Contudo, aconteça o que acontecer aos que forem considerados culpados, a fotógrafa confessa que “não haverá alívio” dos “sentimentos horríveis” que lhe provocaram as últimas duas semanas em que esteve rodeada de cadáveres. “Como testemunha desta crueldade, sinto que é urgente partilhar esta dor com toda a gente. É por causa disto que esta imagem tem de vista”.

Também citado pelo LightBox, Shahidul Alam, escritor, fotógrafo e fundador da escola de fotografia Pathshala (onde Taslima Akhter estudou fotojornalismo), afirmou que esta imagem é ao mesmo tempo “altamente perturbante” e “assustadoramente bela”. Para Alam, a ternura que emana deste abraço “eleva-se acima dos destroços para nos tocar onde somos mais vulneráveis”. Ao dar-nos este momento tão pessoal, esta fotografia “recusa passar despercebida”. “É o tipo de imagem que nos atormentará os sonhos. Sem grande alarido, comunica. Nunca mais.”

A fotografia como acto político
Para Akhter, o exercício da fotografia é um acto político. Por isso está envolvida em organizações de mulheres e de trabalhadores e utiliza as câmaras para denunciar atropelos à dignidade e exploração humanas no seu país. O Bangladesh é o segundo maior exportador de têxteis, depois da China, com mais três milhões de trabalhadores no sector.

Na quarta-feira, as autoridades anunciaram o encerramento, numa primeira fase, de 18 fábricas têxteis por razões de segurança. O último balanço da tragédia de 24 de Abril dá conta de mais de 1100 mortos e desconhece-se o número exacto de pessoas que estavam no edifício quando as suas estruturas cederam.


No Rana Plaza, situado a cerca de 30 quilómetros da capital, os trabalhadores já tinham denunciado a existência de fendas no edifício. No interior estariam mais de cinco mil pessoas, mas esta é apenas uma estimativa. Entre nove andares, funcionavam cinco fábricas, duas delas a trabalhar para marcas de roupa como a britânica Primark e a espanhola Mango. Até agora, 12 pessoas foram detidas no âmbito da investigação à derrocada do prédio, entre elas o proprietário, Mohammed Sohel Rana, que tentou a fuga para a Índia.

Depois de mais um acidente de grandes dimensões, o Governo do Bangladesh anunciou um reforço das medidas de segurança no trabalho e das regras de construção. Foi ainda anunciada a criação de uma nova comissão para coordenar vistorias a perto de 4500 fábricas têxteis. A promessa de mais inspecções  já tinha sido feita em Novembro de 2012, depois de um incêndio numa fábrica ter causado 111 mortos. Nos meses que se seguiram, esse trabalho revelou ter dado poucos resultados quanto ao reforço das medidas de segurança.

“A história é sempre a mesma” dizia Taslima Akhter. E foi.

09 maio, 2013

aprender

© António Júlio Duarte



Estão prestes a começar dois cursos no Atelier de Lisboa: Construção de um Livro de Fotografia (16 de Maio) com José Pedro Cortes (Pierre von Kleist) e Oficina de Projecto (18 de Maio), com António Júlio Duarte.

Informaçãos e inscrições aqui

08 maio, 2013

grupo d´évora


Gérard Castello Lopes, 1962, Praia da Salema - Algarve
© João Cutileiro


Viana do Alentejo, 2-17-2012, 1h31
© José M. Rodrigues

A Pequena Galeria juntou o Grupo d"Évora, fotógrafos que estavam juntos sem o saber

Damos o primeiro passo e, sem aviso prévio, encontramos logo o riso e a chalaça visual (António Carrapato). Damos outro passo e somos invadidos pelo cheiro a sacristia, cercam-nos os santos, bamboleiam os altares a cair de podre (Pedro Lobo). Um passo para a direita e vemo-nos ao espelho através de um patchwork de retratos pouco vistos no álbum de família da cultura portuguesa (João Cutileiro). Outro passo mais para a esquerda e somos armadilhados pelo jogo sedutor das imagens duplas (José M. Rodrigues). Já no fim, ao quinto passo, voltamos ao início, à fotografia alegre e divertida (Carrapato) e também aos tons de roxo, ao odor a cera e... ao Senhor dos Passos (Lobo).

Mas isto é um grupo? É - o Grupo d"Évora que, sem saber, já existia. Quem os juntou foi Alexandre Pomar para a terceira exposição na Pequena Galeria, em Lisboa, que pretende tão simplesmente reunir fotógrafos que gravitam em torno daquela cidade alentejana mas que têm um olhar muito para lá da geografia. "A ideia foi dar a conhecer um núcleo de fotógrafos de carreira excepcional que não tinha uma dinâmica de grupo. Acontece que Évora já teve uma grande dinâmica de grupos de artistas e por isso achei interessante juntá-los pegando num título que já vem de trás", explica Pomar.

A mescla de estilos, formatos e famílias fotográficas de Grupo d"Évora (até 11 de Maio) é grande, diversidade que o comissário transformou num desafio de montagem nas paredes altas da Pequena Galeria que tem um espaço expositivo que se percorre em breves cinco passos (mais coisa menos coisa). Alexandre Pomar vê esta limitação como uma mais-valia, já que implica mostras com trabalhos de dimensões reduzidas, o que, em regra, também faz baixar os preços (aqui começam nos 100 euros). Pedro Lobo costuma expor o seu trabalho em grandes formatos, mas para esta exposição foi obrigado a repensar as imagens da série In Nomine Fidei, trabalho sobre a decrepitude de espaços e objectos religiosos que o levou a procurar molduras antigas que ditaram novos reenquadramentos (cada trabalho é por isso um objecto único).

Tentando contrariar uma tendência de "usa e deita fora" de muitas galerias que trabalham na área da fotografia de novos autores, Pomar sublinha a importância de mostrar o trabalho menos conhecido de nomes já firmados. Como o de João Cutileiro, dono de um acervo de retratos da cena cultural portuguesa pouco vistos em público. Cutileiro (que nem quer ouvir falar em séries numeradas) optou por mostrar impressões a jacto de tinta feitas na sua impressora caseira. José Manuel Rodrigues, por seu lado, revela uma série de fotografias inédita (água, paisagem e auto-retrato), instaladas com papel vegetal por cima, também ele impresso com imagens da sua autoria. De António Carrapato (colaborador do PÚBLICO) mostra-se uma faceta autoral rara em Portugal: a do humor, da fantasia e do divertimento. Porque rir nunca foi tão preciso.



Da série In Nomine Fidei
© Pedro Lobo


Évora, 2010
© António Carrapato

07 maio, 2013

BES Photo 2013: Motta



© Pedro Motta

O fotógrafo brasileiro Pedro Motta (Belo Horizonte, 1977) é o vencedor da 9ª edição do Prémio BES Photo, galardão que reconhece o trabalho de artistas lusófonos e que se apresenta como "o principal prémio de arte contemporânea em Portugal de estatuto internacional", com um valor pecuniário de 40 mil euros.
O júri que escolheu o trabalho de Motta era composto pelo escritor Geoff Dyer (Londres), o professor Luc Sante (Nova Iorque), e a crítica de arte Rosa Olivares (Madrid). Para o júri, o prémio resulta “da forma como Pedro Motta, através da série 'Natureza das Coisas', estabelece um diálogo entre diferentes expressões artísticas, pela aproximação destas a uma linguagem fotográfica autónoma". E sublinha "a forma como o artista desenvolve a percepção do real e do falso através da adivinha, da sugestão e do imprevisto, na utilização da paisagem enquanto género tradicional da história da arte”.
Os trabalhos dos artistas finalistas do prémio estão expostos no Museu Colecção Berardo até 2 de Junho, mostra que viaja depois para o Brasil para o Instituto Tomie Ohtake, novo parceiro do galardão.

© Pedro Motta

03 maio, 2013

dude, o fotógrafo



Os Infinity Awards do International Center of Photography (Nova Iorque) foram entregues no dia 1 de Maio.
 Estes foram os nomes distinguidos:

>Cornell Capa Lifetime Achievement: David Goldblatt
>ICP Trustees Award: Pat Schoenfeld
>Young Photographer: Kitra Cahana
>Art: Mishka Henner
>Publication: Cristina de Middel, The Afronauts 
>Photojournalism: David Guttenfelder
>Applied/Fashion/Advertising: Erik Madigan Heck
>Special Presentation: Jeff Bridges

Dude... I really love you!

folha

Peter Marlow, The Conservative Prime Minister Margaret Thatcher, 1981
© Peter Marlow/Magnum Photos

Uma folha de contacto (ou o berçário de imagens à porfia a ver quem chora mais alto).

 
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