30 dezembro, 2008

Toscani+mafia

Oliviero Toscani
(© Nelson Garrido/Público)


O fotógrafo italiano Oliviero Toscani registou oficialmente a marca mafia, mas ainda não se sabe com que propósito. Vittorio Sgarbi, crítico de arte e presidente da câmara de Salemi, na Sicília, diz que a ideia é boa e garante que foi tudo feito em nome desta localidade e com a sua autorização. Toscani é conselheiro de comunicação de Salemi.
A utilização da palavra mafia para fins comerciais já deu polémica em Itália. Desta vez é capaz de não ser diferente, quaisquer que sejam as intenções de Toscani.
Mais aqui

29 dezembro, 2008

Requiem Polaroid

Andy Warhol
(© Ron Galella)

Agora que os filmes Polaroid dão os últimos suspiros sucedem-se os requiems e os artigos mais ou menos nostálgicos, como o que Michael Kimmelman publicou há dias no New York Times.
Kimmelman diz que a fotografia instantânea inventada por Edwin Land não era perfeita, mas era mágica. Concordo. Quem disse que a perfeição é a virtude da imagem?

25 dezembro, 2008

/uma fotografia, um nome\

s/t
(© António Drumond)

O isto foi de Roland Barthes ainda incomoda muita gente. Mesmo aqueles que aceitam com cautela o valor indicial da fotografia, mas recusam que a fotografia, toda a fotografia, tenha a sua natureza específica, o seu “noema”.

Esta imagem de António Drumond é posterior à sua belíssima publicação O Preto, o Branco e alguma Cor, que é de 2006 (Campo de Letras), onde quase resume uma longa história do seu olhar fotográfico, sempre experimental e sempre atento às alterações dos contextos. Meses atrás este Arte Photographica publicou esta mesma imagem para ilustração da comemoração do Movimento IF, no Museu Soares dos Reis.

Trata-se de uma composição feliz. Que seja arbitrária ou não, é indiferente: Drumond apreendeu a ligação imediata entre o livro que a jovem da pintura de Veloso Salgado segura com certo enfado e a montra adjacente do Museu. O vestido negro fabrica um contraste profundo e provoca uma impressionante festa de cores quentes.

Há um lugar de interacção e o fascínio criado pelo umbral da desconstrução da rapariga do quadro. O mistério desse limiar, que atinge apenas a memória, assenta no facto de ser o lugar onde o observador não pode estar: é, naturalmente, a desconstrução da continuidade e da identidade de cada um. O que nos leva ao código da experiência estética militante, no seu afã muito actual de que as obras de arte valham não pelo que são, mas pelo que fazem.

A lógica cultural é hoje a multiplicação da oferta, que os estados traduzem na sua política cultural de conteúdos. Mas a arte não pode dissolver-se na comunicação que tudo rege, porque tem um núcleo incomunicável que, por isso mesmo, suscita diversas interpretações. Tenta sê-lo pela procura de singularidades, pelas manifestações transgressoras, pela diluição das fronteiras. Mas há uma aura de real nas fotografias, há uma contiguidade entre objecto fotografado e a imagem latente que fica na película e por isso mesmo Barthes dizia de todas as fotografias, isto foi. Por isso a arte contemporânea cede ao trauma do encontro com o real de que a fotografia é contaminada – esse real que, lá diz Lacan, se distingue do verdadeiro, porque não é aberto à linguagem e ao simbólico.

E então António Drumond investe em Veloso Salgado como uma citação sem propósito e num pequeno marketing da nossa cultura que ainda se mantém erudita: esta imagem fotográfica parece congregar a inutilidade de ferozes criticismos sobre o lugar do poder na arte: fala de um museu, está num museu, é e não é a sua memória.

Na contiguidade entre a realidade, oferecida ou construída, mas que vemos e olhamos, qualquer coisa se instalou na película ou na organização dos pixels, o isto foi. Podia não ser, porque não apreendido no seu enquadramento antes da imagem; é a imagem que cria o seu referente. Agora é uma realidade poética cheia de cor, a realidade da fotografia , que resultou de um olhar e de uma pulsão qualquer.

António Drumond construiu uma metáfora, nós construiremos, olhando-a, outras ainda. É com estratégias destas, onde conta muito o desejo e sua poesia que entendemos o mundo diverso onde vivemos.

Maria do Carmo Serén

António Drumond é fotógrafo amador; pertenceu ao Grupo IF (Ideia e Forma) e tem uma sólida carreira de exposição.

23 dezembro, 2008


entre aspas


- O senhor também era fotógrafo, não era Mr. Rayment?
- Sim, tive um estúdio em Unley. Durante uns tempos também dei aulas de fotografia à noite. Mas nunca fui (como é que hei-de dizer?) um artista da câmara. Fui sempre mais um técnico.
É coisa de que se peça desculpa, não ser um artista? Porque há-de pedir desculpa? Porque havia o jovem Drago de esperar que ele fosse um artista, o jovem Drago, cujo objectivo na vida é ser um técnico da guerra?

J.M. Coetzee, O Homem Lento, D. Quixote, 2008

Salomon


Aristide Briand aponta para o fotógrafo durante uma festa, em Agosto de 1931
(Erich Salomon)


Chamavam-lhe o rei dos indiscretos
(Público, 28.11.2008)

Conferências internacionais, julgamentos, recepções a embaixadores, festas da alta sociedade alemã. Erich Salomon estava lá, com as suas câmaras fotográficas (a Leica ou a Ermanox de que raramente se separava), exibidas na mão ou escondidas numa pasta, para registar “momentos de desatenção” de alguns dos maiores políticos e celebridades do período entre as duas grandes guerras. Estava lá porque fazia parte dessa elite que ao mesmo tempo desafiava no seu próprio território, expondo-a naquilo que tinha de menos público.
Cento e trinta fotografias de Erich Salomon (1886-1944) estão até 25 de Janeiro no Jeu de Paume (Hotel de Sully), em Paris. A exposição, a primeira de uma trilogia dedicada à fotografia europeia entre guerras, é feita com o museu de arte moderna, arquitectura e fotografia de Berlim (depositário do arquivo Salomon) e ajuda a traçar o percurso deste filho de banqueiros, doutorado em Direito, que chegou a estudar zoologia, e que aos 40 anos se tornou fotógrafo.
Pioneiro do fotojornalismo, Salomon tornou-se famoso a partir de uma reportagem para o Berliner Illustrirte Zeitung em que, com a câmara escondida, fotografou um homicida em tribunal através de um buraco feito no chapéu. Seguiram-se muitos encontros com estrelas
das artes (como Marlene Dietrich) e da política (o primeiro-ministro francês Aristide Briand chamava-lhe o rei dos indiscretos), que muitas vezes só descobriam nas páginas das revistas e nas paredes das galerias que tinham sido apanhadas pelo “Houdini da fotografia”.
Judeu, refugiou-se na Holanda com a ascensão do nazismo na Alemanha. Com a invasão alemã, a família Salomon é descoberta e enviada para Auschwitz, onde viria a morrer em Julho de 1944. O seu trabalho ficou, como testemunha da revolução que desencadeou. Não era por acaso que Briand dizia que uma reunião só era verdadeiramente importante se Salomon lá estivesse.


(Erich Salomon)

22 dezembro, 2008

saldos


O Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa está a fazer saldos de Natal em todos os catálogos com a sua chancela. Para ver a lista de livros disponíveis e o preço final de cada um clique aqui

Adenda: a feira do livro foi prolongada até 30 de Janeiro. Para além dos álbuns do Arquivo, estão também à venda livros da Fundación Foto Colectania.

Jorge Gomes da Silva 1913-2008

Jorge Gomes da Silva em 2001


Morreu Jorge Gomes da Silva, decano dos fotógrafos madeirenses, bisneto do fundador do estúdio Photographia Vicente, exemplar atelier fotográfico fundado em meados do século XIX e que se mantém até hoje (Museu Photographia Vicentes). O correspondente do Público na Madeira, Tolentino de Nóbrega, escreveu sobre o desaparecimento de Jorge Gomes da Silva aqui

21 dezembro, 2008

Nozolino de volta

s/d, s/t
© Paulo Nozolino/Cortesia Galeria Quadrado Azul


Paulo Nozolino volta às exposições em Lisboa. bone lonely inaugura na Galeria Quadrado Azul a 9 de Janeiro. As imagens deste projecto vão ser reunidas em livro pela editora alemã Steidl. O mesmo trabalho poderá ser visto em Julho nos Rencontres d’Arles, França, que em 2009 comemoram 40 anos.

20 dezembro, 2008

Obama BD


Quem viu as capas da revista Time dos últimos 15 anos relacionadas com a tradicional Person of the Year poderá ser levado a pensar que a fotografia foi dominante na representação identitária da personagem ou assunto seleccionados. É interessante verificar que desde os anos 20, década em que foi instituída a rubrica, são minoritárias as ocasiões em que a imagem fotográfica se sobrepôs à ilustração.
A escolha deste ano, que recaiu sobre Barack Obama, regressou ao grafismo puro e duro. Durante esta década, a revista apenas o tinha feito com a reeleição de George W. Bush, um pouco para sublinhar o papel do quase ex-presidente dos EUA como protagonista invencível do jogo de geoestratégia político-militar que se desenrola à escala global. Nessa imagem, a preocupação era não abandonar totalmente o realismo da figura para que os traços de austeridade não pudessem ser confundidos com qualqer boneco animado. Bush olha para o firmamento como se fosse já um busto esculpido na rocha de Mount Rushmore, onde estão quatro dos seus antecessores.
Com Barack Obama a Time não quis esperar por uma possível reeleição. Deu-lhe uma capa onde aparece representado através de puro desenho gráfico, como imagem que viaja rumo ao supra-real. É uma escolha que pode ter sido motivada por causa de uma imagem fotográfica violentamente desgastada e uma probabilidade reduzida de, através dela, causar impacto, surpresa. Na capa Person of the Year 2008 Obama aparece já firmado como ícone, como herói de banda desenhada capaz de salvar o mundo das garras de malfeitores. Surge como protagonista místico de um jogo que até é muito parecido com aquele em que Bush entrou. As semelhanças no tabuleiro e no guião são muitas. Os papeis é que mudaram - também muito por culpa da caracterização.

(Shepard Fairey, o artista que concebeu a capa da Time, fala sobre o seu trabalho aqui)

19 dezembro, 2008

Luz do Sul

© Manuel Vilarinho

Decorrem em Évora as três últimas exposições dos encontros Luz do Sul, comissariados por José M. Rodrigues. No Palácio D. Manuel inaugurou a colectiva Um Olhar sobre o Mundo, que resulta de uma selecção da colecção dos Encontros da Imagem de Braga onde estão representados nomes como Sibylle Bergemann, Denis Roche, Rafael Navarro, Graça Sarsfield, Manuel Vilariño, Tony Catany, Marina Ballo, Charmet, Rui Fonseca, Paul Catrica, José Maçãs de Carvalho, Diane Arbus, Humberto Rivas, François Tourot, Elina Brotherus, Haiko Diehl, Jorge Molder, Roberto Cecato, Carolyne Feyt, Krystyna Ziach, Marlo Broekmans e Sally Mann. No mesmo espaço pode também ser vista a instalação The Point of no Return, de Cláudia Fischer, que Rodrigues apresenta como um longo poema sobre as migrações das populações.
Na Galeria 21, David Infante mostra O Eu e o Tempo, um conjunto de imagens de auto exploração (JMR).


Um Olhar sobre o Mundo, Selecção da colecção dos Encontros de Braga
The Point of no Return, de Claudia Fischer
Palácio de D. Manuel, Évora
De seg. a sex., das 10h00 às 12h00 e das 13h00 às 17h00; sáb., das 13h00 às 17h00.
Até 30 de Dezembro

O Eu e o Tempo, de David Infante
Galeria 21, Rua de Santa Maria, 21 H, Évora
Todos os dias das 18h00 às 20h00
Até 30 de Dezembro

18 dezembro, 2008

eco


Vasco Araújo fala sobre o vídeo Eco, um dos seus últimos trabalhos e a única representação portuguesa na programação oficial do Mois de la Photo de Paris.
Está aqui

17 dezembro, 2008

glamour + Marilyn

Andre de Dienes (1913-1985), Marilyn Monroe, Tobey Beach, 1949

Marilyn Monroe ainda vende. E bem. No meio de estrelas como Ava Gardner, Raquel Welch, Kim Basinger, Monica Bellucci e Michelle Pfeiffer, foi Marilyn quem mais brilhou na primeira parte do leilão da Christie's Icons of Glamour and Style: The Constantiner Collection que ontem decorreu em Nova Iorque.
O conjunto de fotografias da colecção Constantiner é formado por 320 lotes e inclui alguns dos mais famosos nomes ligados à fotografia de moda e glamour, como Richard Avedon, Irving Penn y Robert Mapplehorpe. Era nas mãos do casal Constantiner que estava a maior colecção privada de fotografias do alemão Helmut Newton.
Uma das figuras mais representadas neste conjunto era Marilyn Monroe, retratada por Andy Warhol, André de Dienes, Tom Kelley, Elliott Erwitt, Eve Arnold, Gary Winogrand, Milton Greene e Bert Stern, autor da mítica sessão de hotel que ficou conhecida como The Last Sitting. O portfolio feito para a Vogue americana estava planeado para sair em Setembro de 1962, quando surgiu a notícia da morte de Marilyn, em Agosto desse ano. A Vogue mudou o texto e transformou a sessão de Stern num tributo.
Pode seguir o leilão da Christie's e os resultados das vendas aqui

movimento + variedade

Robert Frank, The Americans
© Robert Frank

É raro ter este movimento e esta variedade de pessoas na rua. Robert Frank explica no New York Times por que é que esta é uma das suas fotografias preferidas da sua obra-prima The Americans, que está a comemorar 50 anos.

identidade

Robert Capa, A Morte de um Miliciano, 1936


À dúvida cíclica sobre a teatralização do momento da mais conhecida fotografia de Robert Capa e da Guerra Civil de Espanha segue-se agora o desmentido da teoria segundo a qual o miliciano que tomba no terreno se chama Frederico Borrell García. O documentário La Sombra del Iceberg, rodado por Hugo Doménech y Raúl M. Riebenbauer, demonstra através de documentos e testemunhos que a identidade deste soldado não era afinal um dado tão certo quanto se queria fazer crer. O filme estreia na sexta-feira em Espanha.
O El País publicou um artigo sobre este assunto que pode ser lido aqui

Armengol + saldos

Manel Armengol, Ropa estendida no Bairro del Carmelo, Espanha, 1976
© Manel Armengol


A coordenadora da Fundación Foto Colectania em Portugal, Filipa Valladares, vai fazer no sábado (às 15h30, entrada gratuita) uma visita guiada à exposição Manel Armengol - Transições, 70s em Espanha, China, Estados Unidos, patente no Arquivo Fotográfico Municipal, em Lisboa.
No mesmo dia, o Arquivo e a Foto Colectania promovem uma feira do livro de fotografia com descontos que podem ir até aos 50 por cento.

>Post relacionado
>>Transições

Transições, 70s em Espanha, China e Estados Unidos, de Manel Armengol
Arquivo Municipal de Lisboa/Arquivo Fotográfico
Rua da Palma, 246
Até 30 de Janeiro

16 dezembro, 2008

agir

Porto
(© Espólio Fotográfico Português)


Foi lançada ontem no Palácio da Bolsa do Porto a empresa Espólio Fotográfico Português que tem à sua guarda mais de 500 mil imagens da antiga Casa Beleza, que esteve instalada naquela cidade durante mais de meio século. A iniciativa de comprar o arquivo da Beleza, formado maioritariamente por fotografias das décadas de 20, 30, 40 e 50 do século XX, partiu de Mário Ferreira que promete comprar outros espólios representativos da memória visual portuguesa.
Durante o anúncio formal da empresa foi também lançado um livro e o um site, que está preparado para comercializar as cerca de 300 mil imagens já digitalizadas. A edição do álbum e o processo de tratamento de imagens foram orientados por Fernando de Sousa.
A Casa Beleza tinha como principal negócio o retrato de estúdio, por isso é natural que a maior parte das imagens do EFP estejam relacionadas com essa actividade. Mas há também muitas fotografias de paisagem, fotografias de cariz industrial, resultantes de encomendas específicas feitas ao estúdio.
Para além de inédita, a iniciativa do empresário portuense é louvável, porque através dela se contribui para a salvaguarda do património fotográfico português, desde sempre tão mal tratado e tão mal conhecido.

O site (muito bem estruturado e de pesquisa fácil) da Espólio Fotográfico Português está aqui


Douro, barco rabelo
(© Espólio Fotográfico Português)

15 dezembro, 2008

fotografia e vídeo

Ngarambe Rukambika, 49 anos, no hospital de Masisi, Kivu Norte
© Cédric Gerbehaye/Agence Vu

Discutíamos à mesa de um jantar de amigos o que é que hoje tem mais importância na informação que se mostra na Net, se é o vídeo ou a fotografia. A resposta, que parece simples, tem um campo de análise demasiado intrincado e veloz para se poder isolar. E depois há a dificuldade de enquadrar as novas linguagens que se criaram com a junção dos dois suportes num só, onde aparecem também o som e a infografia. Nada que a televisão e o cinema já não tivessem feito antes, mas raramente, creio, com o grau de sofisticação e intensidade dos trabalhos que têm sido produzidos por empresas como a MediaStorm, para citar um dos exemplos mais conseguidos.
Escusado será dizer que, entre pão e vinho, as conclusões foram poucas. Se a vantagem tende a cair mais para um suporte em determinadas narrativas, noutras ganha o poder da imagem fixa, ainda que apareça lado a lado com a imagem em movimento. Mas, quando vejo estórias como a que é contada no novo site dos Médicos Sem Fronteiras (Condition: Critical - Voices From The War In Eastern Congo) sinto que a fotografia de registo jornalístico encontrou na Net um espaço perfeito para se mostrar.

Os MSF são das poucas ONG`s na região Este da República Democrática do Congo, onde regressaram os conflitos entre senhores de guerra. A população civil do Kivu Norte e Sul foi apanhada no meio das disputas e sofre com o isolamento e a indiferença da comunidade internacional. Para denunciar a catástrofe humanitária que está a atingir a região, os MSF lançaram a campanha Condition: Critical que contou com a participação do fotógrafo Cédric Gerbehaye (Agence Vu).

(Se não conseguir ver o vídeo abaixo clique aqui)


13 dezembro, 2008

Mad

Claraboia do espaço Mad Woman In The Attic

Não sei exactamente o que é que esteve na origem do projecto Mad Woman In The Attic, no Porto, mas a simples ideia de conseguir fintar as convenções dos espaços tradicionais de divulgação artística com aquilo que está à mão de semear é por si só digna de registo. Mostra ousadia, originalidade e peito aberto perante os circuitos institucionalizados que, normalmente, têm as portas fechadas a cadeado para novos projectos. A arrecadação onde se instalou Mad Woman In The Attic tem uns 10 metros quadrados e está dentro de um prédio de habitação no centro do Porto.
A última proposta deste espaço, gerido e programado por André Sousa, é de André Cepeda que mostra apenas uma fotografia de um projecto que pretende dar imagem às condições sociais degradantes que se vivem em algumas zonas do Porto.
Os trabalhos apresentados podem ser visitados apenas no dia da inauguração ou nas três semanas seguintes, por marcação.

Lab.65

Pedro Guimarães)

Inaugura hoje no Porto (18h00, Centro Comercial Bombarda, Rua Miguel Bombarda, 285) a exposição/venda de fotografia Lab.65 Revisited que propõe trabalhos de 22 fotógrafos portugueses contemporâneos. As edições "limitadas alargadas", que podem ir dos 75 aos 500 exemplares, fazem com que a galeria possa fazer preços mais baixos, entre os 30 e os 300 euros. As imagens vendidas serão numeradas e acompanhadas por um certificado de autenticidade e biografia do autor.
Haverá fotografias de:
Ana Luandina - Ângela M. Ferreira - Alexandre Delmar - Carlos Cézanne - Hugo Olim
Juão Coração - João Leal - João Margalha - Rita Castro Neves - Pedro Guimarães - Pedro
Magalhães - Inês d’Orey - Teresa Sá - José Carlos Nascimento - Margarida Paiva - Marcus
Garcia Moreira - Paula Abreu – Paulo Pimenta - Miguel Meira - Rui Pinheiro - Miguel Fukutomi - Manuel Luís Cochofel


entre aspas

Antoine Fauchery, Austrália, 1858, Fauchery-Daintree Album

Para ela ver, retira as fotografias de grupo que constituem o âmago da sua colecção. Para a visita do fotógrafo alguns dos mineiros vestiam o seu melhor fato domingueiro. Outros contentam-se com uma camisa lavada, com as mangas arregaçadas até cima para mostrar os braços musculosos, e talvez um lenço de pescoço lavado. Enfrentam a máquina fotográfica com a expressão de grave confiança que assomava naturalmente aos homens no tempo da Rainha Vitória, mas que agora parece ter-se sumido da face da Terra.

J.M. Coetzee, O Homem Lento, D. Quixote, 2008

11 dezembro, 2008

em conjunto

Sebastian Hacher, Bolivianos en Buenos Aires: la fiesta es aquicito, 2008
(© Sebastian Hacher/Cooperativa Sub)

Inaugura hoje em S. Paulo, no Brasil, a exposição Laberinto de Miradas 3 - Coletivos fotográficos Ibero-Americanos onde estará representada a mais recente criação fotográfica não só de colectivos de fotógrafos, mas também de espaços culturais alternativos e grupos de acção social que utilizam a imagem fotográfica como principal meio de expressão. No dia em que abre ao público a mostra, começa também na Galeria Olido o Encontro de Coletivos Fotográficos Ibero–Americanos, iniciativa que nasceu de uma parceria entre o Centro Cultural Espanha em São Paulo e Claudi Carreras, comissário da exposição. O encontro vai ser acompanhado pelo blogue Garapa que terá também uma página no Flickr

Estes são os colectivos presentes na exposição:

Argentina: Cooperativa Sub e Fundación PH15
Brasil: Cia de Foto, Rolê e Observatório de Favelas
Espanha: Blank Paper, No Photo e Pandora
Guatemala: FotoKids
México: Monda Foto e Taller Fotográfico de Guelatao
Peru: Archivo Tafos e Supay Fotos
Portugal: Kamera Photo
Venezuela: ONG - Organización Nelson Garrido

Laberinto de Miradas 3 - Coletivos fotográficos Ibero-Americanos
Galeria Olido, São Paulo, Brasil
Até 1 de Março de 2009

Molder deixa CAM

Jorge Molder
(© Adriano Miranda/Público)

Jorge Molder vai deixar de ser director do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian. Fonte do gabinete de comunicação da Gulbenkian disse ao Público que Molder “solicitou à fundação a reforma antecipada e consequentemente a cessação das suas funções enquanto director do Centro de Arte Moderna, com efeitos a partir de 11 de Janeiro, por motivos de carácter pessoal”.
Jorge Molder era director do CAM desde 1994 e vai ficar ligado à instituição como "consultor".

10 dezembro, 2008

Leibovitz em Londres

Annie Leibovitz, Londres, 2008
(© Leon Neal/AFP)

Alexandra Lucas Coelho esteve em Londres na inauguração de Annie Leibovitz - A Photographer''s Life, 1990-2005. A fotógrafa americana está nos píncaros do mediatismo e aparenta lidar com esse estrelato como um maestro lida com uma orquestra. O texto de Alexandra está no novo site do Ípsilon aqui

Annie Leibovitz - A Photographer''s Life, 1990-2005
National Portrait Gallery, Londres
Até 1 de Fevereiro

09 dezembro, 2008

linhas abandonadas

Mohave and Milltown #3, 2004
© Mark Ruwedel

Nos blogues do The Guardian, Liz Jobey escreve sobre um álbum recente do fotógrafo americano Mark Ruwedel (Westward: The Course of Empire, Yale University Art Gallery, 2008) que passou os últimos 15 anos a registar as linhas abertas durante o século XIX e que agora estão abandonadas. E não são só as linhas e o trabalho de as instalar que são do tempo dos cowboys. Há nestes registos qualquer coisa de "olhar primitivo", uma aproximação inóspita a lugares de quase ninguém. O post de Jobey está aqui

traseiras de Serralves

(© Nelson Garrido/Público)

Fotografia, medo e preconceito - a bordo do 200 da STCP, rumo às traseiras de Serralves.

200
Forasteiro: - Boa noite. Este passa por Serralves?
Condutor: - Não.
Forasteiro: - Não? Mas disseram-me que sim.
Condutor: - Não passa.
Forasteiro: - E perto? Passa perto?
Condutor: - Hmmm. [ar de enfado] Não. Era o 207, mas já fez a recolha.
Ex-"guna": - Olhe lá! Então este não passa nas traseiras de Serralves?
Condutor: - Hmmm... é capaz. Sou novo nesta linha. Não conheço bem aquela zona...
Ex-"guna": -É no Lordelo homem, perto do Campo Alegre!
Condutor: - ...
Ex-"guna": - Então aquilo não são as traseiras de Serralves?
Condutor: - ...
Forasteiro: - É muito longe? Quanto tempo leva a pé?
Ex-"guna": - São aí uns 1o minutos a andar bem. Vou sair lá. Posso dizer-lhe o caminho.
Forasteiro: - Ah, ok. Obrigado. Quero um bilhete.

Fotografia
Ex-"guna": - Vai haver alguma festa em Serralves?
Forasteiro: - Não. É só a inauguração de uma exposição de fotografia.
Ex-"guna": - Gosto de Serralves. É bom ir para lá.
Forasteiro: - Pois é. Acho que é um orgulho para o Porto ter Serralves.
Ex-"guna": - Lá isso é. A minha casa fica mesmo nas traseiras.
Forasteiro: - Ena! Uma casa com vista para Serralves!
Ex-"guna": ...
Forasteiro: - Assim ficas a um passo...
Ex-"guna": - Quando era mais puto ia lá roubar laranjas. Aquilo era a casa do conde. Tinha boas laranjas.
Forasteiro: - Roubar laranjas?
Ex-"guna": - Sim. Mas há pouco tempo fui lá participar numa cena de fotografia.
Forasteiro: - Ai sim?
Ex-"guna": - Foi bem giro.
Forasteiro: - E que tal foi a experiência?
Ex-"guna": - Eles tinham de tudo na... como é que se diz...
Forasteiro: - ...na câmara escura.
Ex-"guna": - Sim, isso. Tinham as águas, o papel... tudo. Era para aprender do início ao fim. Para vermos como é que se faz a fotografia antiga.
Forasteiro: - Fotografia antiga?
Ex-"guna": - Sim, a que aparece em fotografia mesmo.

Próxima paragem: Lordelo (traseiras de Serralves)

Medo
Ex-"guna": -É aqui que saimos.
Forasteiro: - Ok.
Ex-"guna": - Isto é perto.
Forasteiro: - Então em que direcção é?
Ex-"guna": - É por ali.
Forasteiro: - Hã, bem, então obrigado...
Ex-"guna": - Eu também vou para lá.
Forasteiro: - Ai sim..
Ex-"guna": - Eu moro nessa direcção. Aqui isto está rodeado. Ali é o bairro H., ali o bairro S., e ali o bairro R.
Forasteiro: ...
Ex-"guna": - E aqui é o antigo hotel I. que está a ser recuperado.
(edifício preto, esventrado, de fios ao pendurão)
Ex-"guna": - Passo aqui todos os dias. É um bocado feio. São as traseiras de Serralves. Ali à frente tem uma fábrica antiga toda arrebentada.
Forasteiro: - É um bocado escuro...
Ex-"guna": - Pois é. Às vezes a minha mulher está ali na paragem de carro e dá-me boleia. Prefiro não me chatear.
Forasteiro: - ...
Ex-"guna": - Isto às vezes não é certo. Está ali a fábrica...
(o passeio estreita)
Ex-"guna": - Passa.
Forasteiro: - Não, passa tu.
Ex-"guna": - Tu primeiro.
Forasteiro: - Obrigado.
(o passeio alarga)
Ex-"guna": - Pronto. Agora é por ali. É só seguires em frente que vais lá dar.
Forasteiro: - Obrigado. Então boa-noite.

Fim de preconceito
Ex-"guna": - Boa-noite. Continuação.

07 dezembro, 2008


entre aspas

Capa de Chet Baker and Strings, a partir de fotografia de William Claxton

(...) Perguntamos a Joaquim Paulo se existe algo de particular na imagem gráfica dos discos de jazz que não tenha paralelo noutros géneros musicais. 'A fotografia. A relação dos fotógrafos com os músicos e com o jazz era especial. Os fotógrafos eram fãs, gostavam daquilo, eram quase 'groupies'. Era uma pequena família. Os fotógrafos de jazz de um certo período [anos 60] são extraordinários: William Claxton, Burt Goldblatt, Charles Stuart...'
(...)

Ípsilon (5.12.2008), Jazz para os Olhos, sobre Joaquim Paulo, autor de Jazz Covers (Taschen, 2008)

06 dezembro, 2008

revelar

© David Infante


Inaugurou ontem no Museu de Serralves a exposição BES Revelação, que na sua quarta edição reconheceu os trabalhos de David Infante, Mariana Silva e Nikolai Nekh. O júri de selecção foi composto por Bruno Marchand (curador independente), Pierre Muylle (curador no S. M. A. K., Gent, Bélgica), Ricardo Nicolau (Museu de Serralves) e Sandra Terdjeman (curadora e gestora de projectos na Kadist Art Foundation, Paris).
Tirando os conjuntos de fotografias a preto e branco apresentados por David Infante (Évora, 1982), os restantes projectos escolhidos são representativos do rumo das anteriores edições do prémio que distinguiu propostas que se socorrem de linguagens fotográficas que estão fora do que vulgarmente certificamos como objecto fotográfico.
Nikolai Nekh (Slavyansk-na-Kubani, Rússia, 1985) apresenta uma instalação que envolve sete imagens transformadas em formato postal e um vídeo. Nos "postais", devidamente engaiolados em expositores próprios, emerge a experiência pessoal dos lugares e a memória que deles se guarda ou não se guarda, como revela "a carta ao pai" também usada no conjunto. No vídeo Vento Branco, Nekh partiu de gravações familiares para desconstruir a realidade de acontecimentos pessoais valendo-se da edição (corte, escolha de velocidade).
Mariana Silva (Lisboa, 1983) concebeu um espaço onde o espectador pode escolher pequenos registos fílmicos do período pós-25 de Abril e manobrá-los em moviolas (aparelhos que projectam as imagens em pequenos ecrãs). Todos os filmes foram alterados de forma a que cada fotograma se sobreponha ao seguinte criando um efeito de ligeiro desconcerto e ilusão. O projecto propõe uma reflexão sobre a função documental da imagem e questiona o seu poder enquanto reduto privilegiado de arquivo da memória colectiva.
Fui convidado para escrever o texto sobre o trabalho que David Infante tem desenvolvido nos últimos anos. Para ler esse ensaio clique aqui

BES Revelação, David Infante, Mariana Silva e Nikolai Nekh
Museu de Serralves, Porto
Até 15 de Março, 2009

05 dezembro, 2008

mudança

Gail and Dale, Pacifica (I), 2007
© Katy Grannan


A Photographers' Gallery de Londres abre a sua nova morada no sábado, 16 - 18 Ramillies St., a dois minutos da paragem de metro de Oxford Circus.
Com a mudança de coordenadas, surgem também novas exposições, uma livraria renovada e os habituais espaços de venda de provas fotográficas contemporâneas e café.
A programação da nova temporada está aqui

04 dezembro, 2008

incentivar

Kumari & Anapayini, Alachua, 2006
© Michael Bühler-Rose

A última bolsa da Humble Arts Foundation (concedida duas vezes por ano, Primavera e Outono) foi atribuída ao americano Michael Bühler-Rose que submeteu a concurso um interessante trabalho de retrato que nos leva também o olhar para a elegância, harmonia e sumptuosidade dos saris com dobras a fazer lembrar a pintura clássica.
Ainda dentro da Humble Arts Foundation vale a pena passar pelo trabalho Nevada Rose, de Marc McAndrews.

O statement de Michael Bühler-Rose é este:

In my project Constructing the Exotic I look at the ideas and structures of exoticism by photographing the theatrical reality of Eastern-raised women in the West and the unique relationship they create with the Western landscape and conventions of exoticism within the history of painting. In continuing my practice, I am interested in looking further into the political structures inherent within historical works.

Beyond the beauty of the Dutch Still-life lays the evidence of Dutch colonial power: its imports of exotic spices and goods from India. You can currently purchase any of these Indian imports, plus anything else you can find in the streets of Delhi, Mumbai, Kolkata, or Chennai, in the 'Little India' sections of various major cities of the world. This new project 'Little Indian Still-lifes' will feature a mixture of contemporary and traditional items purchased in these 'Little Indias', including Bollywood videos; Indian fruits, vegetables and flowers; cloth; lamps; betel nuts; magazines; posters; books; jewelry; and cooking utensils, among other items.

The photographs will reference the lighting, compositions, and scale of the Dutch still-life tradition in order to create an aesthetic experience of near recognition while still allowing disorienting puncture points to come through. Although visually similar to the Dutch still-life, these pictures do not evidence Western colonial power but rather a reverse of power, of India settling the West.

dar a ver

(© PowerHouseBooks)


A editora PowerHouse Books, de Brooklyn, Nova Iorque, está a organizar a sua quinta análise crítica de portfolios, uma iniciativa dirigida a fotógrafos emergentes e a nomes já firmados. Um painel alargado que envolve críticos, editores, galeristas e fotógrafos vai analisar dezenas de trabalhos para lhes dar um enquadramento e dirigi-los para áreas específicas.
O Annual powerHouse Portfolio Review dura apenas um dia e acontecerá em Fevereiro de 2009 na PowerHouse Arena, em Brooklyn. Cada portfolio será visto por cinco críticos individualmente. As inscrições são limitadas e podem ser feitas aqui

02 dezembro, 2008

=ColecçãoàVista= 1

Desde a última remodelação do Público que o P2 divulga, todos os dias, um texto e uma imagem referentes às colecções de museus e instituições públicas nacionais. Algumas destas peças são facilmente reconhecíveis porque fazem parte das exposições permanentes, mas outras raramente foram vistas em público. Há cerca de um mês, chegou a vez da fotografia e da Colecção Pública de Fotografia que está à guarda do Centro Português de Fotografia. Este espólio começou a ser organizado (e comprado) em 1989 por iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura de então que pretendia assinalar os 150 anos do anúncio oficial da invenção do suporte fotográfico. Jorge Calado foi responsável pelas aquisições e comissariou uma exposição, em 1990, que reuniu 152 fotografias das 346 que até então tinham sido reunidas. São desse conjunto as imagens publicadas diariamente nas páginas de abertura do P2 e que o Arte Photographica reproduzirá também semanalmente a partir de hoje. Os textos são da responsabilidade do CPF.

(...) colecção pública não apenas no sentido ingénuo de estar aberta ao povo para visita, mas principalmente no sentido nobre do termo, de ter sido feita com o dinheiro de todos nós, e a todos pertencer. Colecções públicas são as do Estado e acabou. (...)

Jorge Calado, in 1839-1989 Um Ano Depois, SEC, 1990, Porto


Jorge Henriques, s/título, anos 1970
© Centro Português de Fotografia/DGARQ


Jorge Henriques (1912-1988) cresce na Lousã, conclui o liceu em Cernache de Bomjardim e entra para a Faculdade de Ciências de Coimbra, nos Preparatórios de Medicina. Tendo reprovado, é-lhe exigido pelo pai que regresse. Recusa tal imposição e vai para Lisboa trabalhar como funcionário público. Em 1943 vem prestar serviço para o Porto. No início dos anos 50 Henriques começa a fotografar. Tinha quase quarenta anos quando resolveu destinar as manhãs de domingos e feriados à actividade. Até ao meio-dia, percorria com a sua câmara o Porto ribeirinho. Procurou a autenticidade da cidade, tendo na mira o rio, o conjunto de mulheres e crianças, e a luz que rasga as suas fotografias. Soube aproveitar o efeito da contra luz para definição da imagem que queria colocar no seu cenário.
(texto: CPF)

Cuba - 50 anos

Girl in a brothel, Havana, Cuba, 1954
© Eve Arnold/Magnum


A Magnum organizou uma exposição em Londres para assinalar o 50º aniversário da Revolução cubana que se comemora no dia 1 de Janeiro de 2009. A mostra reúne provas vintage e contemporâneas do período pré-revolucionário captado por Eve Arnold, dos acontecimentos que destronaram o regime de Fulgencio Batista registados por Burt Glinn e dos principais protagonistas da Revolução (Fidel e Che) fixados por Rene Burri e Elliott Erwitt. Os trabalhos de Alex Webb, David Alan Harvey e Christopher Anderson mostram já o dia-a-dia cubano durante a liderança de Fidel Castro. E há ainda fotografias dos correspondentes Andrew Saint George e Bob Henriques, que a Magnum classifica como "rarely seen", dos avanços das tropas de Castro rumo a Havana.
O site da Magnum tem uma galeria com algumas imagens da exposição aqui


Cuba, 1998
© David Alan Harvey/Magnum


Cuba: 50 Years of Revolution
Magnum Print Room, Londres
Até 30 de Janeiro de 2009

 
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