24 junho, 2008

ícones domésticos



Há dias, durante uma entrevista ao Público, o historiador de fotografia Geoffrey Batchen defendia que a fotografia vernacular, a snapshot caseira, devia entrar nas histórias de fotografia clássicas porque essas imagens "condensam alguns dos nossos valores mais preciosos: as nossas noções de identidade, de relação com os outros". Para Batchen, as relações familiares, por exemplo, podem ser melhor compreendidas se se olhar de outra maneira para esta prática fotográfica que é quase sempre ignorada pelos grandes tratados da imagem fotográfica. E no entanto é a mais praticada.
Com propósitos diferentes dos do investigador australiano, o Museu de Arte Contemporânea de Estrasburgo, na França, abriu a porta às fotografias que estiveram coladas em velhos álbuns de cartão, que se espalharam pelo chão de feiras da ladra ou que andaram escondidas em caixas de sapatos. Instants Anonymes reúne 800 imagens captadas por amadores naquela que é, segundo o comissário Sylvain Morand, a primeira exposição de fotografia vernacular num museu de arte contemporânea. "Toda a gente pode fazer fotografia. Talvez seja essa a especificidade deste meio", disse Morand ao Le Monde. O comissário justifica a iniciativa da exposição com a ideia de que este género popular "mostra a fotografia na sua primeira natureza". As imagens foram reunidas a partir de arquivos de família, colecções privadas e institucionais. Não estão identificadas com data, local, autor ou qualquer outro dado. O conjunto convoca a ideia de um grande álbum de família e pretende-se que "o observador faça um investimento sentimental" no momento em que estiver a "folhear" estas páginas de "ícones domésticos".


Instants Anonymes
Musée d`Art Moderne et Contemporain, Estrasburgo
Até 14 de Setembro

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