11 setembro, 2006

*Três perguntas a...


Cristophe Nivaggioli, retrato de Marta Sicurella


Marta Sicurella. Fotógrafa italiana que tem desenvolvido o seu trabalho em Portugal. Venceu o Prémio Pedro Miguel Frade do Centro Português de Fotografia (CPF) em 2004. Actualmente expõe na Cadeia da Relação, no Porto, o trabalho Vesúvio.


Por que é que fotografas?
Fotografo para me exprimir. Não tento captar instantes ou guardar lembranças, mas sim pôr as coisas cá fora, criar beleza e desenhar percursos com os quais me identifico.

Porquê captar o acto de ver turístico?
O trabalho apresentado no CPF está intimamente ligado a um sítio (o Vesúvio) e ao dia em que lá estive. No fim de um percurso pedestre, existe um miradouro do qual é possível ver, muito ao longe, Pompeia, Herculano e o mar. Uma atmosfera estranha pairava nesse sítio, e o que despertou a minha curiosidade foi o facto de todos os turistas andarem a procura de Pompeia (de facto, mais imaginável do que visível), fotografarem a vista, mas, sobretudo, tentarem perceber o percurso destruidor da lava. Todos estavam a refazer mentalmente séculos de história, livros, textos, imagens, lembranças e toda a "bagagem cultural" relativa ao sítio e ao acontecimento que mais o marcou, numa confrontação, penso que inconsciente, entre o poder da natureza e a pequenez humana, pressentindo a presença simultânea da vida e da morte.

Que projectos te ocupam agora?
Preocupa-me muito definir uma estrutura de trabalho - passar da simples expressão à construção de conceitos. Quero dar ao meu trabalho um sentido mais envolvido, engagé como dizem os franceses, e acredito que o cerne deste envolvimento possa ser a ironia. Neste momento estou a desenvolver um novo trabalho de retrato e tenho uma exposição marcada para Junho 2007.

Marta Sicurella, da série "Vesúvio"

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