23 dezembro, 2005

Quatro anos – muito tempo


Fernando Lemos (Lisboa, 1926) deixou-se seduzir pela fotografia entre 1949 e 1952. Apenas quatro anos.
Pouco tempo. Muito tempo. O tempo suficiente para produzir uma das obras mais marcantes e singulares da história da fotografia do século XX português.
Para se exprimir escolheu o surrealismo, onde os limites e as limitações não passam de condimentos na força da criação.
Lemos terá sido um dos primeiros no nosso país a romper com o sacrossanto terreno da limpidez da imagem fotográfica, como se de uma virgem imaculada se tratasse.
Na sua obssessiva procura de apenas duplicar o real - pulsão fundadora da técnica que tornou possível fixar imagens numa superfície - a fotografia tolhe-se. Fernando Lemos percebeu as desvantagens desse jugo castrador e desatou a experimentar tudo o que pudesse transformar o suporte fotográfico num campo aberto e livre de criação.
Solorização.
Sobreposição.
Efeitos de composição.
Abuso da iluminação.
Valeu tudo.
Ainda bem.
No ano em que mostrou o seu trabalho de fotografia (e não só) na exposição Azevedo, Lemos, Vespeira (1952), Fernando Lemos abandona a fotografia e o país. Destino: Brasil. Novas formas de expressão: design gráfico, desenho e pintura.
Joe Berardo - o nosso ponta-de-lança na arte de comprar arte - comprou recentemente 117 fotografias de Fernando Lemos. A casa que abriga parte da sua colecção, o Museu de Arte Moderna, em Sintra, está a mostrá-las até ao dia 30 de Abril de 2006 em conjunto com outras obras surrealistas do espólio Berardo, nunca antes mostradas ao público português, e do Acervo da Fundação Cupertino de Miranda.
Fernando Lemos e o Surrealismo
Sintra, Museu de Arte Moderna - Colecção Berardo
Av. Heliodoro Salgado
Tel.: 219248170.
2ª a dom. das 10h às 18h.
Até 30 de Abril.

1 comentário:

janeca disse...

saudades, tinha já eu, de posts seus!:) wee

 
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