08 abril, 2009

Edgar Martins vence BES Photo08


s/t, da série When light casts no shadow, 2008
© Edgar Martins

Edgar Martins, de 32 anos, tornou-se o fotógrafo mais novo a vencer o Prémio BES Photo, um dos mais importantes galardões de arte contemporânea atribuídos em Portugal com uma dotação de 25 mil euros. O júri de premiação foi constituído pelos curadores Agnès Sire e Paul Wombell e pela artista plástica Helena Almeida, vencedora da primeira edição do BES Photo.

A escolha de Edgar Martins para vencedor da quinta edição do prémio "resulta da coerência e da consistência do trabalho desenvolvido pelo artista, critérios patentes na forma como seleccionou e apresentou as obras em exposição. O diálogo estabelecido entre as séries de obras escolhidas, bem como a percepção e o aproveitamento do espaço expositivo na instalação das fotografias". O júri aponta ainda "a diversidade das técnicas utilizadas pelo artista, bem como o processo e o propósito do trabalho inédito apresentado".

Depois do anúncio do prémio feito pelo ministro da Cultura, António Pinto Ribeiro, Edgar Martins afirmou-se "genuinamente surpreendido" com este reconhecimento. "Comunicar através da arte e da fotografia é difícil. Talvez este cheque facilite esse processo de comunicação", disse o fotógrafo nascido em Évora, a viver em Londres desde o final dos anos 90.

Com um discurso a enaltecer o prémio e a sublinhar a sua importância no panorama da arte contemporânea em Portugal, o ministro da Cultura lançou um "desafio" ao presidente do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, também presente na ocasião, pedindo-lhe que abrisse uma linha de crédito com taxas indexadas à Euribor para compra de peças de arte. Para Pinto Ribeiro, devia comprar-se arte em Portugal "com a mesma facilidade com que se compram casas" numa tentativa de "apoiar o mercado e os artistas". A plateia reagiu com um burburinho.

O ministro da Cultura pediu ainda ao "sector financeiro" presente na sala que apoiasse residências de artistas portugueses no estrangeiro em troca de obras de arte produzidas por esses criadores. Desta vez a reacção da audiência foi mais discreta.

Luís Palma e André Gomes foram os outros finalistas do Prémio BES Photo. A exposição com trabalhos inéditos dos três artistas estará patente ao público no Museu Colecção Berardo até ao dia 17 de Maio.

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1. (fotografiafalada)
>>2.(f
otografiafalada)

8 comentários:

j disse...

"Impacto do Modernismo sobre o Ambiente" Nem tocou no assunto lá de perto. Luís Palma deveria ter sido o vencedor desta edição.

Anónimo disse...

Vê-se que a pessoa que escreveu este comentário não só não tem qualquer entendimento sobre Fotografia e Arte como também não conhece o trabalho do Edgar Martins. Descontextualizou totalmente as plavaras do artista.
A exosição Topologias, no Museu do oriente, sim, lida com o impacto do Modernismo no meio ambiente.
A exposição apresentada no prémio BES, lida com algo mais interessante e complexo: processo. É um trabalho auto referente que fala sobre 'o processo de comunicação, as insuficiências da fotografia'. É um trabaho que lida com o paradoxo de uma linguagem formal que nasce de um processo caótico, que propõe desacelarar o tempo e comunicar por ausência.
O Edgar Martins é certamente o artista mais original dos 3 nomeados e sem dúvida aquele que mereceu o prémio.
Ao contrário dos outros 2 artistas, não há qualquer discrepância entre o seu discurso teórico e o seu trabalho visual.
E diga-se que esta não é apenas a minha opinião e a do do júri de selecção...

HA

k disse...

Os títulos das fotos em inglês, um fotógrafo a viver no estrangeiro, mais um pacote de pseudo-intelectualismo de prateleira... enfim, eis o BESPhoto com todo o esplendor da sua fantochada!

Anónimo disse...

Achei este ano o BesPhoto uma coisa vergonhosa. O lobby Edgar Martins (que ganhou em NY um prémio que em Portugal equivale à Bienal de Vila Franca de Xira) não poderia ter sido mais escabroso: entrevistas para aqui, recensões para ali...
Mas, contudo, o que mais me irritou foi, durante o período do prémio, Edgar Martis ter uma individual no Museu do Oriente. Concorrência desleal, não?
Já agora porque não acabam com este Prémio de vez?
Se eu gosto da obra do vencedor? Sim, gosto. Mas não suporto desigualdades no trato.

Anónimo disse...

Percebo e concordo com o comentário anterior. Aliás, este blog, dentro daquilo que lhe era possível fazer, também enalteceu o trabalho de Edgar Martins. Há de facto uma tentativa de "endeusamento": "O mais novo vencedor de sempre....". Estes títulos são óptimos chamarizes e vendem!
Dos três seleccionados, não há dúvida que Edgar Martins se destacava. Aliás, não se percebe a selecção de André Gomes e Luís Palma. Começam a faltar "seleccionáveis"?
Não sou grande fã de Nozolino, mas admiro a sua visão ao recusar a nomeação que lhe queriam fazer (com promessa antecipada de atribuição do prémio, segundo dizem...). Foi de facto um acto de uma pessoa com princípios.
Mas o prémio tem a sua importância, quanto mais não seja pelo que dá que falar!!
Cumprimentos a todos,
J

Anónimo disse...

Se o valor do prémio é criar apenas estas discussões de "a favor" e "contra", então penso que a organização (BES) deveria reflectir sobre a natureza deste prémio.
Não está a haver propriamente uma criação de um contexto privilegiado que enalteça a fotografia enquanto arte e esta victória, justa, aproxima o prémio BES Photo ao nível de quase um BES Revelação.
Começa a ser difícil distinguir um e outro, se o prémio do BES Revelação não fosse um prémio de Arte Contemporãnea, que pode ou não usar suporte fotográfico (como tem vindo a acontecer).

Concordo com o que foi levantado sobre a publicidade, neste blog e noutros órgãos de comunicação social e outros mais informais, mas o certo é que dadas as escolhas, a victória foi justa e sobre isso não se pode culpar o Edgar Martins por ter feito um bom trabalho.
O trabalho do Edgar Martins é bom, coerente e consistente e foi através desse bom trabalho que ele foi seleccionado e foi igualmente por um bom trabalho que ele foi premiado.
Mas talvez pudesse ter havido mais "curiosidade" da parte dos blogs e outros órgãos de comunicação social acerca dos trabalhos dos outros nomeados, que por terem sido seleccionados para a primeira fase, também tinham uma palavra a dizer.
Penso que talvez tenha havido uma exploração exagerada da imagem da praia de Carcavelos, de noite, com o risco de tornar a fotografia "gasta".
O trabalho do Edgar Martins é um trabalho de composição muito gráfica, com muito vazio e penso que a sua sobre-exposição sujeita-o a um consumo que se desejaria mais lento.
Espero que ele possa ter oportunidade para demonstrar que este prémio é só mais uma etapa, no que penso que poderá ser o resto da sua carreira, mas no entanto a forma como as suas imagens, nomeadamente a que referi, são abusivamente expostas, podem jogar contra ele e sem que disso tenha culpa.

Sobre o prémio... não farei grandes comentários. É um prémio importante pela sua dimensão e divulgação do trabalho dos nomeados.
Não sei se a sua contribuição para a discussão da Fotografia está a ser a melhor.
Continua a existir muita imagem a ser feita em Portugal; alguns nomes que se sobressaem ou são forçados a sobressaír; o velho síndroma do lá fora é que é bom... e continuamos periféricos.
Falta uma curadoria e produção teórica sobre Imagem, no nosso país, que ajude a catapultar uma fotografia que possa ser mais nossa ou que tenha mais a ver com a nossa identidade.
Dou como exemplo os fotógrafos esquecidos (como muitos o estão a ser igualmente no nosso tempo) e que por interesse sincero de várias pessoas têm vindo a ser dadas a conhecer - casos como Victor Palla.

Seria bom que a organização do prémio pensasse exactamente de que forma é que pensa que está a ajudar a fotografia e se está realmente; até porque tem uma das maiores, senão a maior, colecção de fotografia contemporânea, em Portugal (o que acho louvável).
Penso que agora e devido à situação económica que o mundo atravessa. seria tempo de reflexão.
Cumprimentos,

F

José Júpiter disse...

Perde-se tanto tempo a discutir coisas tão "sem assunto". Sempre as mesmas questões...

Os três trabalhos são tão diferentes. Têm todos tanto mérito, tanto interesse. Não gostaria de estar na pelo do júri de selecção deste ano mas acredito que eles foram dos poucos a tirar o melhor partido daquilo que três autores lhes deram.

E ainda bem que há blogues como este, que dedicam tempo ao que vale a pena e não se rendem àquilo que é mais fácil fazer: dizer mal.

Há um outro aqui: http://saisdeprata-e-pixels.blogspot.com/2009/04/besphoto-2008-edgar-martins-luis-palma.html

JOAQUIM MOURA disse...

De facto, há que concordar que é útil evitar a discusão de ser "a fovor" ou "contra" como vergonhosamente fez o jornal "Expresso".
É verdade que, em minha opinião, entendo que a organização deveria reflectir, e muito, sobre a natureza deste prémio.
Não tenho muitas dúvidas que ninguém gostou que um dos nomeados tivesse simultaneamente, "a dois passos" do CCB, uma outra exposição. Por outro lado, em vez de se perder tempo com o elo mais fraco do evento, que é a questão do concurso em si, é pena que não se discuta de uma forma objectiva a relação entre arte e fotografia ou o próprio suporte fotográfico.
Seguramente que seriam alternativas bem mais interessantes do que a "conversa inútil" sobre a decisão de um júri que aqui ninguém sabe qual a sua verdadeira apreciação quanto aos projectos apresentados.
Neste sentido, seria interessante analisar o contexto de cada uma das propostas expostas e se as mesmas respeitam o pressuposto de os nomeados apresentarem obras inéditas.
Não me parece bem "colar" a este evento obras provenientes de outros projectos encomendados por uma instituição privada ou pública como foi o caso da ANA - Aeropostos de Portugal. Ou repetir obras fotográficas anteriormente expostas.
Como também seria interessante analisar até que ponto o contexto de um trabalho é compatível com a prática do mesmo.
Quem diz que precisa de duas horas de exposição para obter um diapositivo ou negativo - seja o que for, falamos num processo analógico - nunca pode ter uma imagem tão limpa, "bonitinha" e aparentemente "sedutora". Com tanto tempo de exposição, realmente, alguma informação a mais tem que existir numa imagem; fundamentalmente no céu. Ninguém acredita que não haja uma estrela, um "cometa" ou o reflexo do brilho de uma noite de luar nos trabalhos encomendados pela ANA - Aeroportos de Portugal.
Continuando a falar de Fotografia, diga-se que só um leigo pode acreditar que estas imagens não tenham sido manipuladas através de um programa como o photoshop. O contrário, é querer encobrir esta realidade com pseudo-discursos filosóficos.
Este efeito geométrico, académico que passa apenas por um mero exercíco estético foi uma das propostas apresentadas. O processo narrativo a partir de imagens de uma câmara fotográfica como a "Polaroid", tem, para outros, tanto valor como o projecto anteriormente citado ou como a reflexão política e contemporânea que encontramos na primeira sala quando confrontados com a crise financeira actual que transformou zonas habitacionais em "bairros fantasmas", num dos países da Europa que mais sofreu com a crise imobiliária como consequência da crise americana. Todo o contexto deste projecto tem com efeito uma intervenção próxima a um registo conceptual que tem na memória política do autor a base do seu trabalho.
Agora, dispensa-se os comentários de revistas de fotografia editadas no Reino Unido que promovem mulheres nuas em estilo comercial ou nomes de críticos de arte que nunca existiram.

 
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